GoleirA, de 16 anos, é selecionada para atuar em liga de hóquei juvenil historicamente composta por garotos

Taya Currie, uma goleira de 16 anos, tornou-se a primeira jogadora a ser selecionada no Draft da Ontario Hockey League (OHL), uma das três principais ligas de hóquei no gelo júnior – para jogadores com idade entre 15 e 20 anos – que constituem a Canadian Hockey League (CHL). A garota foi escolhida pelo Sarnia Sting, na 14ª rodada (escolha número 267) do processo de seleção de atletas, no sábado (5). Currie vai fazer na OHL o que já está acostumada a fazer há sete temporadas pelo Elgin-Middlesex, da Alliance Hockey League, uma liga menor: jogar com garotos. Desde que foi fundada, em 1980, a OHL sempre teve jovens do sexo masculino em suas equipes.

“A ficha ainda não caiu totalmente”, disse Currie ao site da OHL no domingo. “Simplesmente incrível. Eu posso ser um modelo para tantas meninas seguirem seus sonhos e simplesmente fazerem tudo o que puderem”.

O gerente geral do Sarnia, Dylan Seca, disse ao The (Sarnia) Observer que Currie foi escolhida exclusivamente com base em suas habilidades como goleira.

“Não há nenhum segredo, este é obviamente um cenário de quebra de barreiras, mas não é um caso isolado”, disse ele. “Esta é uma garota que está há sete anos jogando com os meninos. Uma goleira titular em provavelmente o melhor time da Alliance (Hockey League). Esta é uma legítima goleira”.

“A verdade é que ela é uma ótima goleira. Essa é a narrativa. Uma ótima goleira em um time muito bom, que venceu jogos sozinha. Ela é dinâmica, é rápida, é ágil… Não queremos que a história seja sobre, ‘Oh, olhe para esta goleira.’ Não, olhe para este grande goleiro”, enfatizou Dylan Seca.

Currie terá a chance de se tornar a primeira mulher a jogar na OHL na próxima temporada. Ela também poderia mudar para o hóquei feminino e jogar em um time garotas com idade superior, com sua irmã mais velha, Tristan, e progredir para jogar hóquei na faculdade. Jogar na OHL a tornaria inelegível para jogar por um time da NCAA, organização que conta com equipes universitárias.

“Trate-me como uma jogadora normal, não pense em mim como uma menina, para que eu me destaque. Eu quero ser um companheiro de equipe normal para os meninos”, disse Currie, que apontou a determinação e os reflexos rápidos como seus pontos fortes como goleira.

“Quero ser a goleira que todo mundo odeia jogar (contra), mas adora ter no time”, disse ela ao CTV News.

Uma das goleiras que Currie diz se espelhar é Shannon Szabados, duas vezes medalha de ouro olímpica pelo Canadá e que se tornou a primeira mulher a jogar na Western Hockey League (WHL) em 2002-03, que usou as redes sociais para parabenizar a garota.

“Parabéns, Taya! Assistindo ao vivo”, postou Szabados no Twitter. “Mal posso esperar para vê-la no cenário mundial um dia”.

O diretor de scout (dados e estatísticas) da OHL, Darrell Woodley, disse que a capacidade atlética de Currie a tornou uma das melhores goleiras que ele viu nesta temporada.

“Taya Currie é uma goleira muito atlética. Não é a maior goleira do mundo, mas compensa com sua capacidade atlética e rapidez. Ela faz um ótimo trabalho em tirar o fundo da rede com seu estilo borboleta (posição de defesa). Ela é atlética, é conhecida por ser uma boa jogadora de rúgbi e uma boa jogadora de futebol (soccer) e até uma praticante de barrel race (corrida em que um cavaleiro e um cavalo dão voltas em barris). Essas coisas provam o quão atlética ela é. Ela desafia bem, ela se move bem na rede. Ela tem jogado com os meninos há sete anos, então, está bem acostumada com a velocidade do jogo. Ela não tem problemas para acompanhar ou se adaptar”.

Hockey on!

*Hockey4Life é uma série de postagens que contam histórias de vida, superação e gentilezas, e que tem o hóquei no gelo ou seus personagens como pano de fundo.

Trilha sugerida para a leitura: Vixen (banda de hard rock dos anos 1980 formada por mulheres) – Edge of a Broken Heart

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