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Afastado desde 2015, ex-atacante do Detroit luta contra depressão causada por grave concussão cerebral
- Por Diogo Finelli
- Atualizado: 27 de dezembro de 2018
Esta não é uma história feliz. Nem todas são. Ela fala de um homem em meio à escuridão, que luta contra crises de depressão, busca uma luz no fim do túnel e tenta não desistir de viver. Mas, em meio a um transtorno de estresse pós-traumático, resultado de uma concussão cerebral, sofrida em janeiro de 2015, o ex-atacante sueco do Detroit Red Wings Johan Franzen, de 39 anos, reconhece a importância da mulher, Cissi, neste lento e difícil processo de recuperação: “Não entendo como minha esposa ainda está comigo”.
Quase quatro anos se passaram desde o duelo entre o Detroit Red Wings e Edmonton Oilers, pela temporada 2014/15 da National Hockey League (NHL). Naquele jogo, no dia 6 de janeiro, Johan Franzen sofreu uma concussão cerebral após um choque acidental com o central Rob Klinkhammer, dos Oilers (veja o lance abaixo). Estava longe de ser a primeira concussão sofrida por Franzen. Mas esta foi bem ruim.
Ele tentou jogar mais dois jogos no outono de 2015 (dias 9 e 10 de outubro, contra Toronto Maple Leafs e Carolina Hurricanes, respectivamente), mas sua longa e bem-sucedida carreira como jogador de hóquei acabou. Desde então, Johan Franzen passou por um pesadelo.
O tema “concussões cerebrais” tem sido cada vez mais discutido no mundo do hóquei no gelo, e há uma grande preocupação das ligas, jogadores e ex-atletas, e médicos, que se dedicam em pesquisas sobre o assunto.
Depois de muitas visitas a diferentes médicos, o sueco foi diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático e, em maio deste ano, deu início a um programa de tratamento na Marcus Institute for Brain Health, um instituto de saúde do cérebro, da Universidade do Colorado, em Denver, que fornece cuidados excepcionais para pessoas com lesões cerebrais leves a moderadas, incluindo concussões e alterações na saúde psicológica. O MIBH possui serviços especializados para veteranos militares com lesões cerebrais traumáticas leves a moderadas e estresse pós-traumático, depressão e ansiedade. Também atende atletas aposentados que tiveram traumatismo craniano e necessitam de atenção integral.
Pela primeira vez, Johan Franzen falou sobre como é conviver com esse transtorno causado por uma concussão.
“Às vezes, todo o meu mundo desmorona e não consigo ver a luz no fim do túnel”, disse o ex-jogador ao repórter Gunnar Nordström, do site sueco SportExpressen.
“Na maioria das vezes acho que estou indo na direção certa, mas quando tenho períodos de baixa não há nada de positivo. Eu quase desisto, e é ainda pior porque você pensa que esteve melhor por um tempo. Tudo o que posso fazer é dormir e deitar na minha cama. Eu tomo antidepressivos e tento me sentir melhor de novo. Mas rapidamente fica escuro. Muito escuro”, contou Franzen.
Sua esposa, Cissi Franzen, escreveu, no fim de maio, um post em seu blog relatando as dificuldades que Johan e sua família enfrentaram ao continuar lutando contra a síndrome pós-concussão.
“Ele está passando por um programa de tratamento intensivo no Marcus Brain Health Institute, e na semana passada foi uma semana em que participei de muitas sessões. Ele ainda está lidando com a síndrome pós-concussão, e os últimos meses foram muito ruins. Algo precisava acontecer, e eu sou muito grata por termos encontrado este novo lugar incrível. Eles tratam veteranos e atletas com traumas cerebrais. Johan foi, na verdade o primeiro atleta deles”, escreveu.
Cissi detalhou ainda mais as dificuldades que ela e seu marido enfrentaram durante seu tempo de tratamento.
“Viver com um marido com uma lesão cerebral não é fácil, é como uma montanha-russa. Mas eu estou fazendo o meu melhor para nos levar a um lugar melhor, não apenas para nós e também para nossos garotos incríveis que merecem o melhor”, disse, referindo-se aos filhos Eddie-Bo (nascido em 2011) e Oliver (nascido em 2013).
Johan Franzen, por sua vez, reconhece a dedicação da mulher, Cissi, e a luta dela para manter a família unida em meio a este período difícil.
“Eu não entendo como minha esposa ainda está comigo. Ela tem sido incrivelmente forte”.
Volta para a Suécia
Johan Franzen diz que ele e sua família, sua amada esposa Cissi e seus dois filhos, querem deixar Detroit e recomeçar a vida em sua terra natal, a Suécia.
“Eu ainda tenho muitas das minhas melhores lembranças daqui (de Detroit), mas nos últimos anos eu só queria sair. Eu não quero estar (preso) nessas paredes. Tem havido muita ansiedade, pânico e depressão. Eu costumava ir para as montanhas. Assim que vejo uma montanha me sinto melhor. Apenas por estar na natureza”, comentou.
Franzen ajudou o Detroit Red Wings a vencer a Stanley Cup em 2008, marcando 13 gols em 16 jogos nos playoffs. Em 2008-09, ele marcou 34 gols na temporada regular, e mais 12 gols e 11 assistências em 23 jogos de playoffs. Embora um retorno à NHL para Johan pareça improvável, ele ainda tem dois anos restantes em seu contrato de US $ 43,5 milhões com os Red Wings (em abril de 2009, o atacante estendeu seu contrato com a equipe por 11 anos, até o fim da temporada 2019-20). Durante sua carreira na NHL (desde a temporada 2005-06, sempre pelo Detroit), Johan Franzen disputou 602 jogos, com 187 gols e 183 assistências, com um total de 370 pontos.
Hockey on!
*Hockey4Life é uma série de postagens que contam histórias de vida, superação e gentilezas, e que tem o hóquei no gelo ou seus personagens como pano de fundo.
Trilha sugerida para a leitura: Papa Roach – March Out of the Darkness
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Sobre Diogo Finelli
Jornalista esportivo desde 2000, fã de hóquei no gelo desde 1995, quando conheceu o esporte nos jogos de computador. Torcedor do New York Rangers, fã de hard rock, e que encontrou no hóquei no gelo a identificação pelos ensinamentos e valores que o esporte propõe.
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